sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Nathalye

Todo dia faço um pouco mais de pazes com o luto. Estou lidando melhor com a dor fina que fura meu coração vez ou outra, aceito, sinto e sigo o restante do dia. Acredito que seja assim, que essa seja a receita. 
Penso que quando eu não sentir mais nada, todas as lembranças vão ter se perdido na faca do tempo. Por isso, acho que entendi finalmente que tudo bem me sentir triste quando ouvir James blunt. Passei os últimos meses lutando com essa emoção, querendo domar a mim mesma, quando na verdade, isso só vai genuinamente amenizar quando eu aceitar que algo foi perdido, que, eventualmente, vai passar e que eu não devo me sentir culpada por sentir falta da presença de alguém que eu costumava viver. 
A Nathalye que viveu nesse tempo vai sempre existir, e eu sempre vou lembrar dela com carinho. 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

É estranho pensar no passado como se tivesse sido há vários anos atrás, mas ao mesmo tempo sentir como se fosse ontem. É estranho estar intensamente feliz, mudando, construindo, reformando, mas sentir que um grande pedaço de mim ficou em alguém, em um lugar. 

Gostaria que as coisas tivessem acontecido de outra forma, gostaria de não ter magoado, nem ter sido machucada. Queria poder manter uma lembrança nostálgica não conflitante, queria poder ainda ter o amigo que cultivei por anos. 

No fundo eu sei que tudo foi contaminado por uma relação mal sucedida, cheia de furos e falhas. No fundo, eu sei que terei que conviver com memórias e falar disso com um tom nostálgico, tentando fazer com que doa menos dia após dia. 

O luto de ir perdendo detalhes por detalhes nas curvas da minha memória é esmagador e me pega sempre desprevenida, seja por uma música, por um vídeo, uma foto ou até mesmo uma piada. Não sinto falta da relação que tive, sinto falta do meu amigo. 

Assim que consegui separar as duas coisas, ficou mais fácil ouvir novamente as músicas, ver os vídeos e ver a beleza e graça neles. Quando, enfim, entendi que as vezes as relações amorosas estragam o que teria sido uma linda amizade, quis fortemente voltar no tempo e tentar consertar as coisas pra que, hoje, não houvesse esse abismo. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Das suas partes que mais amei.

Eu odeio como histórias de amor acabam. Odeio finais em geral, ponto. Me sinto perdedora e sinto a culpa da desistência em cada osso do meu corpo. É mais uma rotina para mudar, mais um cheiro que vai se dissipar no vai e vem de relações, mais um toque pra arrancar a força da minha pele. Cada amor leva de mim um pedaço de quem eu costumava ser e de quem eu já desejei me tornar, meus sonhos, meus planos, minhas ambições. Leva um amor que já me preencheu, que ja me fez lutar e chorar, tanto quanto sorrir. O vento parece soprar errado, o céu parece azul demais, as pessoas continuam a caminhar, mesmo quando eu perco o rumo, mudo o caminho, viro à esquerda ao invés de dar a volta, mais uma vez. A vida continua... é o que dizem.

Eu costumo pensar que nunca deixo de amar alguém, mantenho as melhores partes guardadas, só para sentir saudades vez ou outra, lembrar que cada um, a sua maneira, me perpassou, me reconstruiu. Você é um pedaço gigante em mim. Uma Nathalia destemida, aventureira, divertida. Uma Nathalia que andava na rua nas madrugadas dos domingos ao seu lado, fazendo barulho, acordando os prédios, vivendo. Eu vivi mais anos do que consigo contar ao seu lado, eu fui uma versão minha que não reconheço, mas sinto falta. Pelo menos da boa. 

Eu senti amor na brisa do verão, nas noites chuvosas do inverno. Senti amor nas paredes brancas do quarto, no miado do Zeca, nos lanches e lombras noite a dentro. Senti amor nos longos minutos que demoravam pra chegar no teu andar e quando eu só sentava e te ouvia cantar qualquer canção que fosse. Senti amor quando decorei as histórias de cada cicatriz no teu corpo, quando você me apresentou o teu gosto, tuas antipatias, tuas falhas. Eu senti amor pela parte em você que acariciava o meu eu, que me acordava. Infelizmente, você não é feito apenas do que eu amei, mas essa parte eu vou guardar pra mim, só pra lembrar, as vezes, de quando você foi o outono da minha vida.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Pra ser sincera, eu sempre soube o risco que eu corria de sair com o coração partido, mais uma vez. Sabia que a dor oca bem aqui no meio do peito poderia voltar, talvez ainda mais forte. Não por esse amor ser maior ou mais intenso, mas por me sentir, de novo, uma perdedora, alguém de quem todos, eventualmente, vão querer se afastar.

Eu vivo catando migalhas e cacos que ele jogou no caminho, esperando que assim ele olhasse pra mim, esperando que assim ele sentisse a minha dor, que, so assim, ele me amasse da mesma forma que eu amei. No fim, ele está certo, se escolher é sempre o mais sensato, não é?

Nao é?

Eu escolhi ele todas as vezes, quem sabe eu teria escolhido de novo, se ele não tivesse deliberadamente percebido o quanto a minha presença na vida dele não era mais bem-vinda, não era mais esperada e, o mais doloroso de tudo, não era mais amada.

E eu fico pensando, quanto tempo dessa vez? Quanto tempo pra eu me levantar, me sentir bem novamente, bonita novamente, pra dormir por mim sem remédios,  sem me sentir só e vazia. Esses muros que eu criei ao meu redor nesses últimos 9 meses me fizeram sentir cada dia mais um bicho, que desaprendeu como ser alguém normal numa relação,  minhas conexões são fracas, liquidas, quebráveis. 

Acho que, no fim, esses três homens que me partiram em milhões de pedaços me ensinaram que nada nesse mundo é mais importante do que eu, ninguém vai me dar a felicidade plena que só eu posso me proporcionar.

E é isso, eu sempre achei que eu que iria desistir primeiro, mas, como sempre, foi o outro lado. 

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Me sinto tão só. Uma solidão que não é nova, mas aperta os meus ossos e me deixa fraca. Vejo o infinito a minha frente e sinto mais medo do que curiosidade. Medo do que vou fazer, onde estarei, com quem e como.
Todos os que eu amo estão longe ou indo embora aos poucos e eu estou presa dentro da pior pessoa possível, eu mesma. Todos os dias me olho e não enxergo o que eu gostaria de ser, e sinto que já perdi tanto, tanto de mim, de quem eu eu sou e me ponho em dúvidas a todo momento.

Afinal, se eu não consigo ficar comigo mesma, quem ficaria? Repúdio a ideia de conhecer pessoas novas, de me abrir de novo, explicar todos os meus traumas, minhas faltas e minhas tristezas. Estou no meio de várias pessoas, de amigos, de família mas sinto a todo tempo um vazio tão grande que me completa e me tira o ar. É  uma sensação tão ruim que nunca consigo explicar, por mais que na minha cabeça eu saiba exatamente como é.

Escrever não é mais tão suficiente,  conversar não ajuda, dormir se tornou dádiva. Talvez eu não tenha sido feita pra viver o infinito.

sábado, 21 de janeiro de 2023

21 de Janeiro

Tudo me deixa triste, tudo lembra do oco que se criou há anos no meu estômago e que toda vez que eu penso no quanto já perdi, ele aperta. 
De repente parece que eu desenvolvi um talento muito bom em me por pra baixo e me sentir abandonada sempre. Como se apenas alguns anos fossem necessários para todo mundo ver o quão difícil é estar comigo. Eu convivo comigo mesma há 27 anos e tem dias que é simplesmente insuportável ouvir a voz na minha cabeça, conviver com as lembranças, as mágoas e os traumas. Tem dias que eu só queria tirar férias de ser quem eu sou e como eu sou. 
E cada dia que passa fica pior…

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

memórias póstumas

Decidi escrever não sobre você, mas sobre mim e a parte de mim que vai ficar nessas 4 paredes desse quarto quente por muito tempo. Nunca pude evitar viver assim, sentir assim e amar com cada força do meu corpo. Sinto que não escrevi textos sobre você o suficiente, mas também sinto que houve uma lacuna enorme entre o amor que você me deu e o que talvez eu esperava.

É perigoso dizer "O amor que eu merecia" já que como aquele filme dizia: a gente aceita o amor que acreditamos merecer. E eu sempre aceitei o seu, até hoje. Talvez a gente pudesse ter se amado melhor.

Igualmente eu, eu poderia ter te amado diferente, te amado com os pés na realidade, sabendo e reconhecendo quem você era. Sem sonhar sempre que podia com músicas sobre relações românticas e filmes que idealizavam um amor perfeito.

Mas agora, mais uma vez, eu estou indo embora de alguém. E apesar de tudo,
de todas as sujeiras e a iminente necessidade de ir embora, eu sei que vou sentir sua falta a cada dia
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até que um dia não sinta mais.
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Até o dia que não vou lembrar dos motivos para ficar, do som da tua voz cantando, do teu calor e como quando você gargalhava de mim, tudo em mim acendia. Eu queria ter mais 1000 anos para lembrar da sensação de ser abraçada por você no meio da noite ou quando você se distraia e eu te olhava por segundos incontáveis pensando que, afinal, você era meu, e era lindo.

Queria que o tempo não agisse como ferrugem, corroendo a força as lembranças de você tocando pra mim a meia luz da luminária. Ali o tempo parava e eu fingia só existirmos nos, ali, pra sempre, ou pelo ao menos aquela noite.

Queria que o espaço não fosse como cupim, roendo todo sentimento que construi, mantive e cuidei como a um filho. O mesmo sentimento que agora me deixa no chão, mas não derrotada.

Queira que esses ultimos seis meses não tivesse criado um oceano entre nós, um oceano que não só nos separa, como nos dá munição para nos machucarmos constantemente e das formas mais cruéis que conseguimos encontrar. As palavras se tornam punhais e de repente estamos vivendo num campo de guerra, onde não há vencedores. Só há nos dois, expostos como fios desemcapados, incapazes de dar certo e ao mesmo tempo segurando isso como uma crianca segura um brinquedo velho. Seguimos agindo como inimigos, como opostos, numa competição sádica que não parece acabar nunca.

Querer não é suficiente, nunca foi, agora eu tenho a certeza. Eu quis mudar por você, por nós,
mais isso nunca vai ser o suficiente. Eu sou quem eu sou, com todos os traumas e defeitos que um dia fizeram você me amar, e hoje não mais.

Há tempos que eu não escrevia, e não conseguia entender o porquê, hoje eu vejo. Puxamos tanto a corda que ela arrebentou. Escrevemos tanto na mesma folha e com tanto força, que ela simplesmente rasgou, você me apagou. Queria poder colar tudo, imendar a corda, consertar nós, mas isso não existe. Eu de todos esses anos não existe mais.

Queria que as palavras que ecoasem na minha mente nao fosse as de quando você me xingava, quando eu olhava a decepção na sua cara. A pergunta que me assombra é se eu te empurrei para o seu limite e se, afinal, a culpa disso tudo não seria minha. Do que eu não pude ser, do que não pude mudar. E tudo só foi ficando mais frio e frio.

Me perdoe por ter te feito tão infeliz tantas vezes, por nunca ir embora de vez, por deixar rastros, por querer desesperadamente ser lembrada, nem que seja por ódio. Detesto pensar que a tua mente já esquecida vai se esforçar pra lembrar o porquê de ter me aceitando tanto por tanto tempo. Me dói ser esquecida.

Esse espaço sempre será sobre você e para você, como memorias postumas de um amor. Alguém vai ler sobre nós, sobre você. Aqui dentro você sempre será o meu outono. 


Com amor, 

Nathalye.