Decidi escrever não sobre você, mas sobre mim e a parte de mim que vai ficar nessas 4 paredes desse quarto quente por muito tempo. Nunca pude evitar viver assim, sentir assim e amar com cada força do meu corpo. Sinto que não escrevi textos sobre você o suficiente, mas também sinto que houve uma lacuna enorme entre o amor que você me deu e o que talvez eu esperava.
É perigoso dizer "O amor que eu merecia" já que como aquele filme dizia: a gente aceita o amor que acreditamos merecer. E eu sempre aceitei o seu, até hoje. Talvez a gente pudesse ter se amado melhor.
Igualmente eu, eu poderia ter te amado diferente, te amado com os pés na realidade, sabendo e reconhecendo quem você era. Sem sonhar sempre que podia com músicas sobre relações românticas e filmes que idealizavam um amor perfeito.
Mas agora, mais uma vez, eu estou indo embora de alguém. E apesar de tudo,
de todas as sujeiras e a iminente necessidade de ir embora, eu sei que vou sentir sua falta a cada dia
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até que um dia não sinta mais.
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Até o dia que não vou lembrar dos motivos para ficar, do som da tua voz cantando, do teu calor e como quando você gargalhava de mim, tudo em mim acendia. Eu queria ter mais 1000 anos para lembrar da sensação de ser abraçada por você no meio da noite ou quando você se distraia e eu te olhava por segundos incontáveis pensando que, afinal, você era meu, e era lindo.
Queria que o tempo não agisse como ferrugem, corroendo a força as lembranças de você tocando pra mim a meia luz da luminária. Ali o tempo parava e eu fingia só existirmos nos, ali, pra sempre, ou pelo ao menos aquela noite.
Queria que o espaço não fosse como cupim, roendo todo sentimento que construi, mantive e cuidei como a um filho. O mesmo sentimento que agora me deixa no chão, mas não derrotada.
Queira que esses ultimos seis meses não tivesse criado um oceano entre nós, um oceano que não só nos separa, como nos dá munição para nos machucarmos constantemente e das formas mais cruéis que conseguimos encontrar. As palavras se tornam punhais e de repente estamos vivendo num campo de guerra, onde não há vencedores. Só há nos dois, expostos como fios desemcapados, incapazes de dar certo e ao mesmo tempo segurando isso como uma crianca segura um brinquedo velho. Seguimos agindo como inimigos, como opostos, numa competição sádica que não parece acabar nunca.
Querer não é suficiente, nunca foi, agora eu tenho a certeza. Eu quis mudar por você, por nós,
mais isso nunca vai ser o suficiente. Eu sou quem eu sou, com todos os traumas e defeitos que um dia fizeram você me amar, e hoje não mais.
Há tempos que eu não escrevia, e não conseguia entender o porquê, hoje eu vejo. Puxamos tanto a corda que ela arrebentou. Escrevemos tanto na mesma folha e com tanto força, que ela simplesmente rasgou, você me apagou. Queria poder colar tudo, imendar a corda, consertar nós, mas isso não existe. Eu de todos esses anos não existe mais.
Queria que as palavras que ecoasem na minha mente nao fosse as de quando você me xingava, quando eu olhava a decepção na sua cara. A pergunta que me assombra é se eu te empurrei para o seu limite e se, afinal, a culpa disso tudo não seria minha. Do que eu não pude ser, do que não pude mudar. E tudo só foi ficando mais frio e frio.
Me perdoe por ter te feito tão infeliz tantas vezes, por nunca ir embora de vez, por deixar rastros, por querer desesperadamente ser lembrada, nem que seja por ódio. Detesto pensar que a tua mente já esquecida vai se esforçar pra lembrar o porquê de ter me aceitando tanto por tanto tempo. Me dói ser esquecida.
Esse espaço sempre será sobre você e para você, como memorias postumas de um amor. Alguém vai ler sobre nós, sobre você. Aqui dentro você sempre será o meu outono.
Com amor,
Nathalye.
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