quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Das suas partes que mais amei.

Eu odeio como histórias de amor acabam. Odeio finais em geral, ponto. Me sinto perdedora e sinto a culpa da desistência em cada osso do meu corpo. É mais uma rotina para mudar, mais um cheiro que vai se dissipar no vai e vem de relações, mais um toque pra arrancar a força da minha pele. Cada amor leva de mim um pedaço de quem eu costumava ser e de quem eu já desejei me tornar, meus sonhos, meus planos, minhas ambições. Leva um amor que já me preencheu, que ja me fez lutar e chorar, tanto quanto sorrir. O vento parece soprar errado, o céu parece azul demais, as pessoas continuam a caminhar, mesmo quando eu perco o rumo, mudo o caminho, viro à esquerda ao invés de dar a volta, mais uma vez. A vida continua... é o que dizem.

Eu costumo pensar que nunca deixo de amar alguém, mantenho as melhores partes guardadas, só para sentir saudades vez ou outra, lembrar que cada um, a sua maneira, me perpassou, me reconstruiu. Você é um pedaço gigante em mim. Uma Nathalia destemida, aventureira, divertida. Uma Nathalia que andava na rua nas madrugadas dos domingos ao seu lado, fazendo barulho, acordando os prédios, vivendo. Eu vivi mais anos do que consigo contar ao seu lado, eu fui uma versão minha que não reconheço, mas sinto falta. Pelo menos da boa. 

Eu senti amor na brisa do verão, nas noites chuvosas do inverno. Senti amor nas paredes brancas do quarto, no miado do Zeca, nos lanches e lombras noite a dentro. Senti amor nos longos minutos que demoravam pra chegar no teu andar e quando eu só sentava e te ouvia cantar qualquer canção que fosse. Senti amor quando decorei as histórias de cada cicatriz no teu corpo, quando você me apresentou o teu gosto, tuas antipatias, tuas falhas. Eu senti amor pela parte em você que acariciava o meu eu, que me acordava. Infelizmente, você não é feito apenas do que eu amei, mas essa parte eu vou guardar pra mim, só pra lembrar, as vezes, de quando você foi o outono da minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário