Eu costumo pensar que nunca deixo de amar alguém, mantenho as melhores partes guardadas, só para sentir saudades vez ou outra, lembrar que cada um, a sua maneira, me perpassou, me reconstruiu. Você é um pedaço gigante em mim. Uma Nathalia destemida, aventureira, divertida. Uma Nathalia que andava na rua nas madrugadas dos domingos ao seu lado, fazendo barulho, acordando os prédios, vivendo. Eu vivi mais anos do que consigo contar ao seu lado, eu fui uma versão minha que não reconheço, mas sinto falta. Pelo menos da boa.
Eu senti amor na brisa do verão, nas noites chuvosas do inverno. Senti amor nas paredes brancas do quarto, no miado do Zeca, nos lanches e lombras noite a dentro. Senti amor nos longos minutos que demoravam pra chegar no teu andar e quando eu só sentava e te ouvia cantar qualquer canção que fosse. Senti amor quando decorei as histórias de cada cicatriz no teu corpo, quando você me apresentou o teu gosto, tuas antipatias, tuas falhas. Eu senti amor pela parte em você que acariciava o meu eu, que me acordava. Infelizmente, você não é feito apenas do que eu amei, mas essa parte eu vou guardar pra mim, só pra lembrar, as vezes, de quando você foi o outono da minha vida.