Já escrevi textos demais, ouvindo diferentes músicas, em diferentes momentos da minha vida. Já escrevi textos para outras pessoas, disse palavras que eram verdade, até que deixaram de ser. Corri com toda força que meus pés conseguiam me empurrar, fui o mais longe que pude do que eu era e do que eu realmente queria ser, pensei ter ido tão distante que não conseguiria voltar. Talvez me faltassem motivos.
Me pegou pela mão, pelos dedos, pelo coração. Me cantou pelo nome, e, pela primeira vez em tempos, era uma melodia que eu conseguia entender, que me lembrava um pouco do que era ser acariciada com calma.
Me conquistei pela alma, pela adrenalina, pelas mãos quentes que desenham um caminho só dele que percorre cada linha mal desenhada do meu corpo. Então eu caio nas noites que o silêncio é alto demais, só se ouve a respiração pesada no meu ouvido, como se aquele momento pudesse viver através da madrugada, e as horas parecem de repente se estenderem para nos dar espaço, fazemos poesia de movimentos. Seus olhos que me devoram aos poucos e me ensinam como sentir sem prender, sem machucar, sem queimar. Eu caio um pouco mais no cheiro de suor, no beijo que dança em mim, esquentando o frio, sussurrando melodias cantadas no meu ouvido.
Te conheço e te leio pelo toque, pelo sorriso de canto de boca e cada olhada que dou distraída antes de pensar o quão sortuda eu posso parecer por me apaixonar, mais uma vez. Me apaixonar cansada, me apaixonar cambaleante e com todos os medos enterrados na bagagem de mão pesada, e talvez por isso, o ato mais corajoso que eu posso me permitir fazer: escrever o primeiro texto totalmente sincero e completamente seu, sem falsos enfeites, sem medos escritos, sem passados, sem outros. Só nós.
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