sábado, 21 de dezembro de 2019

Dezembro.

Você é vento forte de outono, que bate no rosto como um sopro frio, depois de um longo verão. Varre as incertezas e passados, trazendo finalmente sentido a passagem do tempo. 

Chega com cheiro de algo novo e excitante, energiza todo meu corpo e por um momento eu lembro como é flutuar com os pés bem fincados no chão. 

Me pega pela mão, pelos dedos, pelo coração. Canta o meu nome numa melodia que eu consigo entender e de certa forma me traz paz. Chega numa ventania que consegue acariciar minha alma com calma e carinho, ao mesmo tempo que bagunça com impetuosidade todas as minhas certezas. 


Me conquista pelo toque, pela adrenalina, pelas mãos quentes que desenham um caminho segue cada linha mal desenhada do meu corpo. 


Então vem a surdes das noites em que o silêncio é alto demais, e a respiração pesada no meu ouvido é quase um grito de alívio por estar ali com quem deveria/queria estar.  Aquele momento (sobre)vive através da madrugada, parando as horas, encaixando os espaços dos corpos, misturando a saliva, o suor, os desejos e os medos, tudo parece de repente se unir para fazermos poesia de movimentos. 


Me fita com olhos que me devoram aos poucos e me vêem sem enfeites, dançam em mim como se já me conhecessem. Reconheço e leio pelo toque, pelo cheiro do suor quando o quarto fica pequeno e quente demais, pelo beijo que me passeia, esquentando o frio, sussurrando melodias no meu ouvido. 

Por esse outono me apaixono cansada, me apaixono cambaleante e com todos os medos guardados na bagagem de mão pesada. Outono que traz a transição, o frescor e a emoção de, enfim, viver uma nova estação, sem falsos enfeites, sem passados, sem outros. Só o nós. 


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Outono.

Já escrevi textos demais, ouvindo diferentes músicas, em diferentes momentos da minha vida. Já escrevi textos para outras pessoas, disse palavras que eram verdade, até que deixaram de ser. Corri com toda força que meus pés conseguiam me empurrar, fui o mais longe que pude do que eu era e do que eu realmente queria ser, pensei ter ido tão distante que não conseguiria voltar. Talvez me faltassem motivos.  

Me pegou pela mão, pelos dedos, pelo coração. Me cantou pelo nome, e, pela primeira vez em tempos, era uma melodia que eu conseguia entender, que me lembrava um pouco do que era ser acariciada com calma.

Me conquistei pela alma, pela adrenalina, pelas mãos quentes que desenham um caminho só dele que percorre cada linha mal desenhada do meu corpo. Então eu caio nas noites que o silêncio é alto demais, só se ouve a respiração pesada no meu ouvido, como se aquele momento pudesse viver através da madrugada, e as horas parecem de repente se estenderem para nos dar espaço, fazemos poesia de movimentos. Seus olhos que me devoram aos poucos e me ensinam como sentir sem prender, sem machucar, sem queimar. Eu caio um pouco mais no cheiro de suor, no beijo que dança em mim, esquentando o frio, sussurrando melodias cantadas no meu ouvido. 

Te conheço e te leio pelo toque, pelo sorriso de canto de boca e cada olhada que dou distraída antes de pensar o quão sortuda eu posso parecer por me apaixonar, mais uma vez. Me apaixonar cansada, me apaixonar cambaleante e com todos os medos enterrados na bagagem de mão pesada, e talvez por isso, o ato mais corajoso que eu posso me permitir fazer: escrever o primeiro texto totalmente sincero e completamente seu, sem falsos enfeites, sem medos escritos, sem passados, sem outros. Só nós.