quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Histórias sem prazo de validade

Não sei se por consequência da idade ou do desenrolar natural da vida, mas acabei por me perde na minha escrita. Faltar o que dizer,as frases falham, as palavras somem e muitos sentimentos de acumulam, assim como as inúmeras mágoas e dúvidas. 

Me retalhei de tantas e diferentes formas,  na mesma medida que sempre fui movida pelo amor. De alguma forma essa sou eu e isso define minhas escolhas, a emoção, a sensação já quase esquecida de frio na barriga, o pulo no escuro em busca de algo que me faça sentir viva. Faz sentido? Algo que eu sei que tá ali, em algum lugar, que eu consigo alcançar, só preciso aprender como. E é nessa eterna tentativa que coloco meu coração e alma em armadilhas que me fazem mulher, me fazem Nathalia, me fazem mais eu, um eu agora diferente de ontem. 

O som dos carros, as luzes nos apartamentos ao longe no meio da madrugada. O que eles fazem? O que os inspira? O que eles amam e como amam? Até quando esse fogo vai durar e queimar? Será que quando apagar, eu vou conseguir continuar em busca de algo mais intenso?

Tenho pedaços de tantas pessoas em mim, na minha fala, nas minhas ações, nas minhas escolhas. Tenho tantas pessoas em cada passo meu, e minhas madrugadas são dedicadas sempre a alguém, que agora parece ser tudo que eu tenho e preciso. E por mais que eu me quebre inteira no processo, eu tenho uma colagem de memórias de amores que cruzaram a minha vida, que, por um momento, eu imaginei, tive a remota certeza de que era o/a certo/a. 

Sexos com amor, sexos sem amor, sexos com gemidos, sexos sem gozo até encontar "o único". O que, de alguma maneira, faz diferente, desperta sensações em mim antes desconhecidas, mortas por um tempo. Mortas não, adormecidas. Sensações que eu não sabia que queria, não sabia que faltava. Amor como devoção era tudo que eu conhecia, era para o que eu vivia e por longos momentos da minha vida me preencheu. 

26 anos e eu tenho mais histórias para contar do que eu aos 15 anos esperava ter. Histórias superficiais, histórias intensas que passaram por mim como um período de frio que toma todo meu corpo e me paralisa, me deixa encolhida no canto do sofá. E eu penso, um dia eu vou encontrar a temperatura certa pra mim, que me deixe confortável ao mesmo ponto que me instigue, acorde cada parte paralisada do meu corpo, que não se movia por medo ou comodismo. 

No entanto, mesmo com o andar dos anos, não aprendi a criar uma linha coerente nos meus textos, assim como não aprendi a dizer um completo adeus ao que acabou, ou deveria acabar. Não sei me desprender do que marcou meu coração. As minhas lembranças são a parte mais forte de mim, que se seguram tão forte em mim que é difícil separar o presente do passado. Um milhão de lágrimas, vivendo de dores passadas, de histórias com prazo de validade vencido, estragadas, azedas, mas nunca o suficiente pra mim.