Passei bons anos buscando me ajustar novamente, procurando ver em mim o amor que todos falavam, que todos me diziam para aprender a ter. Aprendi a brilhar sozinha aos poucos e tive muitos percalços. Por dias eu tive medo e chorei até faltar todo o folego.
Vivi um amor que tirou de mim boa parte do que eu acreditava ser puro. Tirou de mim todos os sentimentos inocentes que se perdem inevitavelmente com a idade, acabei deixando escorregar cedo demais. Me dei para estranhos, bocas sem nome, sem história. Corpos secos que só precisavam de mim por um momento, um instante, mas não preenchiam absolutamente nada. e tudo bem, foi bom e potencialmente divertido por um tempo, até que o medo bate mais uma vez. Mas então, oras, como me sentir autossuficiente se o tempo todo preciso de alguém pra me reafirmar, pra me amar, pra me querer e mostrar isso?
Tenho vários problemas comigo mesma que construí com cuidado por muito tempo. Criei uma fundação solida, dificilmente quebrável, nem por chuva nem por vento. Construí um muro com toda a insegurança que já passou pela minha mente, por toda dúvida sobre mim mesma que eu já tive ao olhar no espelho e alimentei como se fosse alguém a beira da morte por desnutrição, doente. Alimentei tudo que me destruía por dentro por acreditar ser, de alguma forma, um alento, uma aliada para encher a boca para dizer "sou extremamente madura por colecionar dores e rancores, mais nada.". Onde essa maturidade me levou, afinal? Um beco aparentemente sem saída, no qual todos os fantasmas do passado me encaram me perguntando do que valeu, se eu continuo igual?
Eu mesma me amaldiçoei.